31 dezembro, 2005

num piscar de olhos

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© 2000/05

30 dezembro, 2005

quando mija um português

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© Porto, 2005


seguem-no logo dois ou três...MILHÕES!

assim de repente, que eu me lembre, já vi o mesmo acontecer
com os kispos todos iguais. as samarras para citadino ver.
as botas à alentejano. as sapatilhas sanjo. as calças de ganga lois.
os vaivéns na praia para toda a família exercitar os músculos.
o cãozinho pardacento de pescoço idiota a abanar na traseira
dos popós domingueiros. o miúdo a mijar para a eternidade nos
jardins raquíticos. a telha preta. a pulseirinha tucson. a camisola
gant ou o polo lacoste (eu sei, comprados nos ciganos). a febre
do cubo mágico. as mil e uma raspadinhas. a febre contagiante
do euromilhões. o autocolante do rosto feminino estilizado de
chapéu e cabelos compridos. as tatuagens de caracteres chineses.
as bandeirinhas do euro da nossa desgraça.
e agora este ridículo pai-natal trepador. (eu sei, made in china).

um poema chegado pelo correio

À Avó


Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos
que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe.
E, desde então, as nossas feridas têm a espessura
do teu silêncio, as visitas são desejadas apenas
a outras mesas. Sob a tua cadeira, o tapete
continua engelhado, como à tua ida.
Provavelmente ficará assim para sempre.

No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.


(de A Casa e o Cheiro dos Livros
Maria do Rosário Pedreira)


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© 2005

29 dezembro, 2005

danger

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© 2005 (da exposição "Anschool II" de Thomas Hirschhorn, Museu Serralves, Porto)


"(...) Como compreender então a afirmação de Beuys de que
todos os homens são artistas? Justamente à luz do termo
'capital' que é, portanto, a energia, a criatividade, a capacidade
de cada um. Não é o talento. Não é a habilidade. Não é o dinhei-
ro. Não é a educação. E não é o facto de se nascer em tal ou tal
meio. Essa energia, essa criatividade, essas capacidades indivi-
duais que todos temos, não as temos talvez sempre em doses
iguais, por certo uns têm mais disto ou daquilo, mais tarde ou
mais cedo, em maior ou menor quantidade. Essas energias são
o capital de cada um, mas é preciso perceber que esse é o ver-
dadeiro capital e tomar consciência disso é um acto de tal modo
criativo, artístico, que quem o faz tem de ser um artista. Esse
indivíduo pode ser empregado de balcão, cientista, motorista,
músico profissional, mas é um artista. Essa percepção de si
mesmo como artista, com determinadas capacidades e cons-
ciente delas, e que por conseguinte sabe que dispõe de um
capital que claramente não é o dinheiro que tem ou deixa de
ter, essa consciência de que cada um tem o seu próprio capital
é muito importante porque transforma as relações entre as
pessoas. Deixa de ser possível uma exercer poder sobre outra
por ter capital capitalista, capital institucional ou capital moral.
O único capital que conta é o capital pessoal e a consciência que
cada um tem dele. É evidente que isso coloca as pessoas em pé
de igualdade. É assim que eu entendo a frase "cada pessoa é um
artista". No meu caso, trabalho para tomar consciência do meu
capital. (...) "

Thomas Hirschhorn

dia feliz

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© 2005 (da Exposição "Anschool II" de Thomas Hirschhorn, Museu Serralves, Porto)

" Quando consigo permanecer verdadeiramente livre em relação
ao que é meu, o observador também pode permanecer livre: não
por acaso, mas porque fiz a minha parte do trabalho pela qual me
considero responsável. Ser livre em relação ao que é nosso é difí-
cil e, muito embora eu saiba isso, nem sempre o consigo. Sei
igualmente que o que é verdadeiramente meu também diz res-
peito ao outro. Incorporo na minha obra textos, fotocópias de re-
cortes de jornais, livros e revistas pelo seu valor informativo, mas
também por causa da energia que contêm. Não é preciso ler tudo.
Às vezes uma frase que se selecciona pode ser o suficiente. Basta
sentirmos que o texto não lido é uma fonte de energia. "

Thomas Hirschhorn, 2002

28 dezembro, 2005

a cada um a sua sorte

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© 2005

after & before

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© 2005

27 dezembro, 2005

os meus discos do ano

Little Things - Hanne Hukkelberg
Funeral - Arcade Fire
Let it die - Feist
Based on a true story - Fat Freddys Drop
Snow borne sorrow - Nine Horses
Kensington Square - Vincent Delerm
Estudando o Pagode - Tom Zé
Arizona Amp and Alternator - Arizona Amp and Alternator
Res Inexplicata Volans - Apollo Nove
The Garden - Nostalgia 77
Tip Top Dynamo - Hess Is More
Le Pop 3 - les chansons de la nouvelle scène française
Sister Gertrude Morgan - King Britt
I am a bird Now - Antony and the Johnsons
In The Aeroplane Over The Sea - Neutral Milk Hotel

26 dezembro, 2005

regresso ao inverno

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© Dezembro 2005

provavelmente assim ficará para sempre

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© 2005

23 dezembro, 2005

Christmas Is

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© 2005

22 dezembro, 2005

círculos perfeitos

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© Dezembro 2003

21 dezembro, 2005

natal invicto

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© Porto, Janeiro 2004

20 dezembro, 2005

natal a oriente

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© Macau, Dezembro 1999

19 dezembro, 2005

jingle bells bossa nova

Trinta e dois graus à sombra.
O pai-natal transformado numa menina de mini-saia.
Tem a sua graça o natal tropical.

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© Salvador da Baía, Brasil, Dezembro 1995

18 dezembro, 2005

chico ofereceu-se a si mesmo chico

e tem agora em mãos os três primeiros dvd's que abrem a
série retrospectiva dedicada à obra do genial Chico Buarque...


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"É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro"

17 dezembro, 2005

les garçons de 1964 ont plus de quarante ans

Tenho um amigo, não tão amigo assim, que é talvez o quarentão
mais bonito que conheço. Digo isto e não pensem que sou gay,
pois um tipo também sabe reconhecer os mais bonitos do seu
género. Parabéns, portanto, ao rapaz. Parece estar bem
conservado. Ele não gosta muito que lhe digam disso, costuma
dizer o que ouviu um dia ao Manoel de Oliveira, que o mérito,
se o houver, não é dele. Também diz que nunca fez qualquer
dieta, nunca entrou num ginásio desses da moda, e nunca usou
sequer qualquer espécie de creme ou loção milagrosa para a pele.
Nem compra as revistas que asseguram as mil e uma dicas para
o sucesso e o bem-estar dos metrosexuais, ou lá o que isso é.
Amigas comuns confirmam que é um homem bonito. Que faziam
isto e aquilo. Chega a parecer que bichanam em surdina contra
as músicas do acaso, face às musas que regem o tempo. Ou então
sou eu que gosto de romancear e delirar.
Diz também, em dias mais ácidos, que quem vê caras não vê
corações.
Mas ele sempre me confidenciou que nunca teve grande sorte
nessa coisa do amor. Que as mulheres gostam mais de quem as
faça rir, ou então de quem tem poder. Ele acha que não tem
muito sentido de humor. Nunca teve pachorra, por exemplo,
para seguir o Seinfeld - vai matar-me por causa disto! -, ele é
mais Jarmush ou Tarkovsky. Nem tem muita paciência para
noites que acabam em anedotas.
Ele é menos Gatos Fedorentos, e mais melancólicamente
inclinado para poetas e músicos marginais, sombrios, provoca-
dores, eu sei lá que mais...
Gosta também - e não vai achar graça alguma ao facto de eu ter
afirmado isso! - dos vários heterónimos do nosso grande Pessoa.
Esse sempiterno poeta dos adolescentes. E dos velhos também.
Apesar de tudo isto, o seu sorriso é franco e luminoso, e tenho
até a impressão que passo a vida a ouvi-lo rir-se.
Um dia até me assegurou que se sente com alma de sambista,
ele que não sabe gizar o mais elementar passo de dança.
(Outra coisa de que as mulheres gostam.)
Mistérios da contraditória alma sagitariana.
Acrescento ainda, pelo que sei, e se isso interessa, que não é
rapaz de grandes maus hábitos.
Posto isto, aqui "posto" uma foto dele.
Algo fantasmática.
Uma certa aura envolvente...

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2005

16 dezembro, 2005

momus as st sebastian

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dedicado à minha amiga Carla de Elsinore,
agora uma ousada e pertinente "blogger-curator",
por causa da sua magnífica série S. Sebastião revisitado...


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e aqui, então, toda a capa de um dos meus discos
predilectos. a pintura é de Keith Grant.

"Lucky Like St Sebastian"

Once upon a time there was a man called Saul
Who persecuted Christians until he saw
The work was bearing fruit for the Christians
So the man changed his opinions and his Christian name to Paul
And he wrote important chapters in the Bible
But the blood on his writing hand reeked to high heaven
And Paul resolved to die
So he wrote to friends in Rome
A senator who owed him a favour
Asking for an executioner
So Paul could make his exit as a martyr
The senator sent this answer:
Should you be so lucky like St Sebastian
Preferring the ache to the aspirin
Swooning as they shoot the arrows
Through your narrow chest
Stripping naked in the Circus Maximus
With a martyr-eating lioness
Bartering with flesh for a little pain
Scenes like this give sadomasochism a bad name
Once there was a man who loved a woman too much
To give up hope when he saw she wouldn't touch him with
a barge pole
He spent his whole life in the Inferno
He composed in thirty-four cantos
O Dante though I'm anti such romantic speculation
I'm your hypocrite reader in the same situation
I'm your double, me I'm your brother in pain
But Alighieri if you'll listen there's a difference
Between your Beatrice and my Paula
She's anonymous and now a waitress- It's comic but not divine
The tragedy is no-one 's dying!
Should I be so lucky like St Sebastian
Going out with a bang, just hear me
Whimpering with joy as Mr Death receives his blue-eyed boy
Surrender unto Caesar or to God, it makes no odds
There's just one thing the martyr wants to say:
`Tell me, Mrs Lincoln, did you enjoy the play?'

15 dezembro, 2005

sem tradução

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© Barcelos, 2005

14 dezembro, 2005

não o disse ontem, mas digo hoje

puta-que-o-pariu.
(não o podia calar. foi justamente assim, sem meias-palavras,
que o senti, quando ouvi a notícia logo pela manhã.)
esse ex-austríaco exterminador.
nunca lhe devem ter contado histórias quando era criança.
e parece que na terra dos filmes, só mesmo nos filmes um
homem poderá aspirar à redenção.

e será ele quem o vai salvar?

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© Porto, Setembro 2005

13 dezembro, 2005

arte perigosa

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© Roterdão, 2001

12 dezembro, 2005

rua de portugal

rua de portugal,
inclinada, desalmada,
beco do nada.
inquinado vício.
ínclito mal.
terra-desperdício.

o eterno país mudo,
de costumes brando.
o país sem mundo.

que fazer quando
tarde é já tudo?
que infindo fundo
para além do fundo?

11 dezembro, 2005

silentes tardes

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© 2004

10 dezembro, 2005

porto sem igual

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© Dezembro, 2005

09 dezembro, 2005

"Sumário"

"Polly Kellog e o motorista Osmar.
Dramas rápidos mas intensos.
Fotogramas do meu coração conceitual.
De tomara-que-caia azul-marinho.
Engulo desaforos mas com sinceridade.
Sonsa com bom-senso.
Antena de praça.
Artista da poupança.
Absolutely blind.
Tesão do talvez.
Salta-pocinhas.
Água na boca.
Anjo que registra."

Mais um poema de A Teus Pés, de Ana Cristina César.
O meu livro do ano.
Um livro para sempre.

eu me lembro

* " A criança é uma lousa em branco, livre de repressões e das
marcas da vida. Um coração corajoso. Eu me lembro se inspira
na criança que fui para promover um balanço da minha geração.
Uma geração que pegou a virada dos anos 60 e era moleque na
época do AI-5, e que chegou aos anos 70 com três opções:
aderir ao sistema, pegar em armas para combatê-lo ou desbun-
dar. Eu desbundei."

* Palavras de Edgard Navarro, o grande vencedor do recente
38º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - melhor filme, rea-
lização, actriz (Arly Arnaud), actor secundário (Fernando Neves),
actriz secundária (Valderez Freitas Teixeira) e argumento.
Apesar dos seus 56 anos, é a sua primeira longa-metragem e tem

como pano de fundo o período que vai do suicídio de Getúlio Vargas,
em 1954, à morte de Vladimir Herzog, em 1975, passando pela morte
do poeta Torquato Neto, em 1972. É o seu Amarcord baiano.
É também o primeiro filme de uma trilogia de carácter autobiográfico.
Os dois outros serão "Eu Pecador" e "Eu Sei Tudo", mas parece não
haver, ainda, previsão de quando sairão do papel.
Não se trata, porém, de uma revelação tardia, pois este cineasta
é o autor de um clássico do cinema marginal, SuperOutro, filme
em 16 mm que fez sucesso entre o público "cult e underground"

brasileiro, a ponto de ser citado na letra da canção Cinema Novo,
de Caetano Veloso.
Navarro é radical, inovador, um amável rebelde de quem muito se
espera. As palavras não são minhas, roubei-as algures na net. Mas
confirma-o um amigo meu que o teve como director de fotografia
numa venturosa e poética realização, nesses distantes e libertários
anos 70.

Esperemos que o filme possa um dia ser visto no nosso país. Talvez,
quem sabe, na próxima edição do Festival de Cinema Luso-Brasileiro,
de Santa Maria da Feira.

08 dezembro, 2005

instante tesouro

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© Dezembro, 2005

07 dezembro, 2005

in a house, under the sound

deus... foi mesmo visto ali na casa da música.
algures bem no meio de nós.
brutal.

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estará ali o pote mágico?

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© Dezembro, 2005

06 dezembro, 2005

wake me up before i dream

- Filhinha, hoje vou ver deus à casa da música.
- Deus!??
- Sim, deus hoje desce à casa da música.
- Não vais nada. Deus já não existe. Já existiu, mas já não existe.
- Mas eu vou ver. Vai lá tocar.
- Mas que deus é esse? Só se for disfarçado! A casa da música
não é nenhuma igreja!
- Às vezes é como se fosse uma catedral.
- Por amor de deus, paizinho, deixa de sonhar.

no way

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© Porto, 2005

05 dezembro, 2005

330

Novos desempregados por dia em Portugal.
Um número redondo que esconde muitas coisas.
Um número agreste. Um caso bicudo.
Um número cortante. Um problema gritante.
Trezentos e trinta novos desempregados a cada dia que passa,
como uma espécie de guilhotina a cair impiedosa sobre este
fungoso e velho nariz da Europa.
Se, por qualquer ventura, este número não tiver parança,
daqui a 80 anos estaremos todos sem emprego...
Um pobre país deserto com dez milhões de almas penadas.
A tal jangada de pedra?
Sobreviveríamos?
Será por medo disso que se quis inventar Fátima?
Será por isso que tão ardentemente se espera pel'O Desejado?
Antes morrer como o Pessoa?
Venha daí um bagacinho para esquecer.

04 dezembro, 2005

alquimia do cinema

Para quem se lembrar ainda do meu post de junho passado sobre
cinema pobre, aqui volto ao tema para publicitar esta "Alquimia
do Cinema", oficina de cinema no formato 16mm, a realizar-se
entre 9 de Dezembro e 20 de Fevereiro. Nas palavras dos seus
responsáveis, "esta oficina está voltada para a concepção e
produção de filmes de curta-metragem, almejando a criação de
um filme por cada participante. O objectivo da realização deste
evento é reunir um grupo de pessoas que tenham vontade de
criar e com elas formar um grupo para a criação de um conjunto
de filmes de curta-metragem. Cada um deverá ser responsável
pelo seu próprio filme e também colaborar na criação dos filmes
dos outros participantes". Mais informações aqui:
http://www.cinemapobre.org/entrada.html

Aceitem o desafio. Que se levantem as asas dos vossos sonhos.

like a bitting tongue

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© Porto, 2005

03 dezembro, 2005

con dios

sexo duro.
tudo é voragem, speed.
nexo puro:
tudo é coragem. I don't need
another hero.
léxico imo
ral.
viagem dandy.
méxico.
vulcão de lowry.
rima final.
rir-me. inerme.
da suja tesão, rir-me.
os lábios no lume.
ou sábios ou vadios.
me valha vaya con dios.

02 dezembro, 2005

linhas, cores, volumes

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01 dezembro, 2005

vira-ventos

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